unbelievable short stories

Olá Sebastião, passaram quase seis meses que te escrevi, já gatinhas, já te seguras em pé sozinho e ja sala cá de casa é o teu reino! Já começas a tentar falar, já dizes olá à tua maneira e já resmungas e falas sozinho como a Mami. O tempo passa a correr já só faltam uns dias para fazeres um ano, faz quase um ano que entraste na nossas vidas e passamos a ser três! Hoje queria falar-te da Família e da importância dela.
  Um dia irás perceber que a família é o nosso porto de abrigo, é onde sabemos que vamos estar a salvo de todas as tormentas e que aí até o mais difícil problema é suportado e ultrapassado mais facilmente. A nossa família somos nós os três, comigo e com a mãe poderás sempre contar, és o centro dela, desde que nasceste o mundo passou a girar à tua volta, e nós estaremos sempre aqui para te ajudar nos maus momentos e para celebrar contigo os bons, a vida, a felicidade. Mas nem só eu e a mãe é que somos a tua família, tens também muito mais gente que te ama e que te ajudará incondicionalmente como nós, tu já sabes quem são, tenho a certeza disso, e , mais tarde, confirmarás isso.
   A mãe tem uma família numerosa e unida apesar de várias contrariedades que a vida lhes trouxe, para ti será um exemplo a seguir, como tem sido para mim, e cabe-te a ti e aos teus primos (que já são muitos) continuar com isso, como te disse antes, a família é uma âncora que não nos deixar andar à deriva, que nos puxa para casa!
   Eu também tenho uma família numerosa, mas não como a da mãe, tenho a felicidade de ter "herdado" essa família desde que conheci a mãe pois passei a ser parte dela. A minha é uma família desajustada, desmembrada; ainda não cheguei a nenhuma conclusão definitiva sobre o porquê disto, mas já tenho algumas ideias. Uma delas é a falta de amor, há uma barreira afectiva que cresceu ao longo do tempo que , para mim, é um reflexo defensivo ás escolhas que se fizeram ou que tiveram de ser feitas por causa das condições de vida escassas em determinada altura. Outra foi a distância, o pai não viveu sempre com os avós, durante a minha infância e juventude vivi com os meus avós, um dia explico-te esta longa história, o importante a reter é que a distância é uma coisa difícil de gerir no que diz respeito aos afectos, embora não seja uma fatalidade é difícil de ultrapassar, hoje o mundo está mais pequeno, tudo é mais perto, e tenho a certeza que se a vida nos reservar esse obstáculo , o ultrapassaremos pois ,como já te falei noutra carta,  o amor vence tudo e é capaz de tudo e o meu amor por ti é incondicional. Na minha família como é óbvio, também tive sempre um porto de abrigo em algumas pessoas, na minha mãe, e nos meus avós que sempre me ajudaram e que te ajudarão também.
   Retém isto: a família é fundamental para te tornares um homem completo, para a tua evolução como ser humano, é um dos alicerces da tua construção como homem, mas tal como o amor tem de ser cuidada, tem de se tratar dela, de fazer crescer os afectos, as cumplicidades.
  O teu porto de abrigo somos nós, a tua família, hoje é Natal, o teu primeiro e o natal é isso, é afecto, família, cumplicidade! Estás comigo e com a mãe, com o tio e o avô, e um dia explico-te porquê, amo-te!

Bom Natal filho, um beijinho!